terça-feira, 29 de maio de 2012

Efeito lótus para vender

O vídeo abaixo mostra uma superfície coberta com um material impermeável a líquidos hidrofóbicos ou hidrofílicos. Tudo por conta da nanoestruturação do material. Lembra o efeito de lótus, anteriormente discutido neste blog, com o senão de funcionar também com líquidos hidrofóbicos. O material se chama Tecnadis PRS, é produzido pela companhia espanhola Tecnadis e pode ser comprado às toneladas. A composição ainda é segredo industrial.



Tradução da descrição do vídeo:
"Um novo produto repelente de água e óleo (!), baseado em nanopartículas, para proteger superfícies contra manchas tais como as provocadas por óleos ou gorduras, ou mesmo por gotas d'água. Pode recobrir diversos tipos de superfícies, internas ou externas. E nós nos esforçamos não apenas para conseguir uma gama de potenciais aplicações mas também para conferir [ao material] alta resistência a abrasão (muito importante para revestimento de pisos), total transparência quando aplicado e excelente durabilidade"

Descrição original em inglês:
A new water and oil repellent product based on nanoparticles to protect surfaces from stains such as fats and oils, or from simple water drops. It covers a multitude of indoor and outdoor surfaces. And we have not only worked to achieve a wide range of application possibilities but equally we have worked to generate a high capacity of resistance to abrasion (very important when treating floors), in full transparency when applied and an excellent durability.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Nanopartículas de prata: seus efeitos sobre um crustáceo planctônico

Mais um estudo sobre o potencial ecotóxico das nanopartículas de prata acaba de ser publicado.
Daphnia magna, crustáceo planctônico também conhecido como pulga d'água.
(Imagem de © Joachim Mergeay, obtida em pondscape.be)
Neste estudo foi avaliada, em laboratório, a toxicidade da prata sobre um crustáceo planctônico, Daphnia magna. Os testes foram realizados com a prata sob as formas de nanopartículas e íons em solução (nitrato de prata).

O D. magnata exposto à prata sob suas diferentes formas apresentou alterações em seu comportamento que indicam prejuízo de suas funções vitais. O estudo chega à conclusão de que íons prata em solução são muito mais tóxicos que as nanopartículas de prata. Isso já era esperado, visto que diversos estudos relatam que íons prata livres são extremamente danosos a sistemas biológicos.

Porém, mesmo que lentamente, nanopartículas de prata liberam íons prata em soluções aquosas. Dessa maneira, os autores do estudo recomendam que as nanopartículas de prata sejam consideradas potencialmente ecotóxicas e que sua liberação ao meio ambiente seja evitada.


Fonte: "Asghari et al. 2012 Toxicity of various silver nanoparticles compared to silver ions in Daphnia magna. Journal of Nanobiotechnology 10:14". Disponível gratuitamente em Journal of Nanobiotechnology.

Nanoemulsão de anfotericina B contra o fungo Aspergillus niger


Descrição do vídeo, dada pela autora: "A estudante de Farmácia e bolsista de iniciação tecnológica Laura Czekster Antochevis apresenta o trabalho que auxiliou no desenvolvimento, intitulado "Formulação e avaliação in vitro de nanoemulsão de anfotericina B em Aspergillus Niger" .O mesmo tem como principais objetivos desenvolver e caracterizar uma nanoemulsão de anfotericina B passível de administração parenteral através da técnica de homogeneização à alta pressão e avaliar a suscetibilidade do fungo Aspergillus niger in vitro frente à nanoemulsão produzida."

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Nanopartículas para melhorar o odor de suas meias suadas. E para muito mais!

Já há algum tempo que se sabe das propriedades antimicrobianas de nanopartículas de prata.

Essas nanopartículas vêm sendo empregadas na produção de diversos materiais para evitar a manutenção e a proliferação de micro-organismos nestes. Maçanetas, corrimãos, pias e também, para alegria de muitos, roupas e fômites!

Meias que não fedem mesmo se deixadas no balaio por semanas após conterem o suor de um bom atleta?  Imagem de LabNews.


Mas ainda vem sendo discutido se a exposição prolongada às nanopartículas de prata pode ser danosa à saúde do exposto. Tanto esta nanopartícula quanto alguns subprodutos ou resíduos de sua produção poderiam exercer alguma toxicidade.

Ainda não se sabe se a própria nanopartícula de prata seria tóxica. A dúvida se sustenta na divergência entre os diversos trabalhos científicos que tratam do tema. Parece que estas nanopartículas não representam maior risco quando comparadas a materiais convencionais, não nanoestruturados, já disponíveis no mercado para os mesmos fins.

Quanto aos subprodutos e resíduos da produção desta partícula, tenho uma boa notícia. Pesquisadores do Departamento de Agricultura estadunidense (USDA - ver fonte) conseguiram produzir nanopartículas de prata diretamente sobre fibras de algodão utilizando água e o inócuo polietilenoglicol.

É um resultado que merece certa dose de empolgação, tanto pela redução de risco direto à saúde humana quanto por mais um sucesso da busca de materiais e processos industriais não ecotóxicos. A busca pela minimização da interferência dos processos industriais sobre ecossistemas faz parte do cotidiano de muitos nanocientistas.

Resultado desta técnica? Fibras de algodão com propriedades antimicrobianas produzidas com impacto ambiental e potencial tóxico reduzidos. Ah, e suas benesses: meias que não fedem após o futebol, toalha que não fede após o banho, tecidos que não favorecem a ocorrência de infecções hospitalares, etc...

FONTE: USDA, Journal of Nanoparticle Research

sexta-feira, 18 de maio de 2012

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Farmacêuticas terão R$ 5 bilhões do BNDES


O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) está reestruturando o Profarma, programa de apoio ao desenvolvimento do complexo industrial da saúde, e vai elevar a carteira para R$ 5 bilhões. Esses recursos estarão disponíveis a partir de julho deste ano até 2016 para financiar projetos de inovação e expansão das indústrias farmacêuticas instaladas no País. Nesse montante estão incluídos futuros negócios envolvendo o braço de participações do BNDES, o BNDESPar.


Criado em 2004, o Profarma já foi reestruturado duas vezes. Essa terceira fase do programa de financiamento terá um perfil voltado para projetos de inovação, com forte apoio do governo federal, que faz suas apostas no desenvolvimento de medicamentos complexos no País.


A carteira do Profarma até o abril totalizava R$ 3,5 bilhões, dos quais R$ 2,097 bilhões já estavam comprometidos com financiamentos para o setor. Em 2011, pela primeira vez desde que o programa foi criado, os projetos de inovação ultrapassaram os de produção (estímulo de expansão de unidades, por exemplo). No ano passado, os desembolsos para inovação ficaram em 50% do total, enquanto os de produção ficaram em 39%.


Pedro Palmeira, chefe do departamento de produtos intermediários químicos e farmacêuticos do BNDES, acredita que os projetos de inovação tendem a despontar mais nos próximos anos. Segundo ele, as empresas nacionais estão começando a direcionar seus investimentos para biotecnologia. “No início do programa, as demandas eram mais voltadas para adequação das fábricas existentes, por exemplo.”


As multinacionais farmacêuticas também começaram a encaminhar projetos para serem financiados pelo BNDES, informou João Paulo Pieroni, gerente do departamento de produtos intermediários químicos e farmacêuticos do banco. Do total desembolsado pelo banco para o setor, apenas 15% dos recursos vão companhias estrangeiras.

(Com informações do Valor Econômico)
Fonte: ANPEI

Governo quer lei para facilitar aproveitamento da biodiversidade


O governo está finalizando uma proposta de lei que desburocratiza as pesquisas envolvendo o aproveitamento da biodiversidade nacional para produção de cosméticos e medicamentos.
No final de 2010, mais de 300 processos de regularização de atividades de bioprospecção e desenvolvimento tecnológico aguardavam decisão do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGEN), do Ministério do Meio Ambiente. Os casos ainda estão sendo analisados nas reuniões mensais do órgão, o responsável pelas autorizações de acesso aos recursos genéticos. A proposta é regularizar a situação dessas atividades, sem eximir multas e outras punições.


Segundo Carlos Joly, assessor do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), uma das novidades da legislação a ser proposta é que o controle mais rigoroso sobre licenças e contratos será feito apenas na fase em que o produto derivado de recursos genéticos for, de fato, para o mercado.


Hoje, os pesquisadores têm que apresentar toda a documentação no início do processo. O esforço burocrático, entretanto, muitas vezes é desperdiçado, porque 95% de todo o trabalho de bioprospecção (projeção sobre potencial dos recursos) não resultam em produtos que podem ser comercializados.


Em pelo menos outros dois pontos da proposta, o grupo de técnicos dos seis ministérios envolvidos ainda não encontrou consenso. Um deles trata da tarifação dos benefícios oriundos do uso da biodiversidade. A lei precisa prever um retorno, em porcentagem de ganhos, para o provedor do recurso, que pode ser tanto a União, no caso de moléculas encontradas em unidades de conservação, quando proprietários de áreas particulares. Outro aspecto polêmico é o tipo de punição que deve ser aplicado em caso de descumprimento.


Depois que técnicos dos ministérios da Saúde, do Meio Ambiente, da Ciência, Tecnologia e Inovação, da Agricultura, do Comércio Exterior e das Relações Exteriores finalizarem a proposta, o texto será encaminhado para análise da Casa Civil. Só então será encaminhado para apreciação do Congresso Nacional.

(Com informações da Agência Brasil)
 Fonte: ANPEI

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Sobre como isolar circuitos moleculares


Pesquisadores da Universidade de Copenhague desenvolveram uma nova plataforma que pode ser usada para o desenvolvimento de componentes eletrônicos moleculares.
Grafeno pode ser usado para isolar moléculas em um circuito eletrônico molecular.
Este novo dispositivo pode evitar problemas que vinham limitando o avanço da nanoeletrônica e o consequente grande salto para frente da informática.

Já foram criados inúmeros componentes eletrônicos moleculares, perfeitamente funcionais. O problema estava na questão de como construir circuitos maiores a partir dos protótipos básicos. Quando os componentes eletrônicos moleculares eram conectados aos eletrodos, que lhes fornecem energia e leem seus cálculos, ocorria o curto-circuitamento do sistema.

Foi necessário esperar pela descoberta do alótropo de carbono conhecido como grafeno para que a base da plataforma nanotecnológica agora criada pelos cientistas dinamarqueses pudesse emergir, trazendo a solução para os problemas de antes.

"Nós agora podemos colocar uma das nossas lâminas de grafeno por cima das moléculas, protegendo o sistema dos curtos-circuitos. Foi assim que desenvolvemos uma nova plataforma tecnológica para uso no desenvolvimento de novos componentes eletrônicos baseados em moléculas," disse Kasper Norgaard.

O pesquisador explica que sua equipe agora está tentando utilizar moléculas com diferentes propriedades sobre a plataforma de grafeno - por exemplo, moléculas que podem alternar entre condutoras e não-condutoras.

Isso abrirá o caminho para a eletrônica do futuro em áreas como novas tecnologia de memória, telas ultra-finas e células solares mais eficientes.

Contanto que outro desafio igualmente íngreme quanto os curto-circuitos moleculares não surja pela frente dessa área tão promissora.

Referência: artigo sob DOI: 10.1002/adma.201104550
(Com informações do sítio Inovação Tecnológica)

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Empresas brasileiras aumentam seus esforços para inovar


O Índice Mundial Derwent de Patentes (DWPI), produzido pela Thomson Reuters, mostrou que o total de pedidos de patentes inovadoras no Brasil aumentou 64% entre 2001 e 2010. Do total apurado na década, 27% são patentes de universidades e o restante de propriedade de companhias privadas. No ranking das dez maiores produtoras de patentes, cinco são companhias: Petrobras, Semeato Indústria e Comércio, Máquinas Agrícolas Jacto, Vale e Usiminas.
O crescimento de 64% nos registros aponta uma evolução do País, mas o número absoluto é pequeno, se for considerado que o índice contempla 48 milhões de registros de patentes no mundo. A China lidera o ranking com 3 milhões de registros inovadores.

De acordo com esse índice, é considerada “inovadora” ou “básica” a primeira patente registrada de uma tecnologia, seja produto ou processo. Outras patentes registradas posteriormente sobre um mesmo produto ou processo são classificadas como “equivalentes”.

A Petrobras aparece em primeiro lugar no ranking. A companhia acumula 1.349 depósitos de patentes no Brasil e 2.530 no exterior, sendo a maior titular de registros no país, de acordo com o Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (INPI). Por esse estudo, que avaliou a produção de patentes “inovadoras” entre 2001 e 2010, a Petrobras ocupa a primeira posição, com 415 registros.

Entre as instituições que lideram o índice DWPI no Brasil, a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) foi uma das que apresentou a maior proporção de patentes inovadoras do total de registros efetuados. De 130 pedidos de patentes já feitos, 79 foram considerados inovadores, segundo os critérios da pesquisa.

(Com informações do Valor Econômico)

Fonte: ANPEI

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Encontro Internacional em Nanotecnologia

Evento sobre nanotecnologia aplicada a cosméticos (nanocosmetologia).



Hotel Pullman Ibirapuera - Rua Joinville 515 - São Paulo, SP
17 e 18 de maio de 2012 - das 08h30 às 17h00


Programação Preliminar

17 de maio de 2012

8h30
Credenciamento e Welcome Coffee

9h00
Abertura do 1º dia

9h30
Nanotecnologia – Uma visão global sobre lançamentos e principais tendências, Jane Henderson, Presidente da Mintel Beauty Division, REINO UNIDO
A apresentação proporciona um insight sobre o uso da nanotecnologia e dos nanoingredientes em lançamentos de produtos de beleza e de cuidados pessoais, tais como pele e cabelo. Além disso, esta apresentação procura explorar as tendências em ‘claims’ e conceitos, e ainda, novidades relacionadas a estes lançamentos em todo o mundo.

10h10
Conclusões do estudo “Nanotecnologias: subsídios para a problemática dos riscos e regulação”, Marina Pereira Pires de Oliveira, responsável pelo projeto de nanotecnologia da ABDI – Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial

10h50
Coffee Break
PILAR 1: PESQUISA E FORMULAÇÃO
Os princípios que devem ser considerados na formulação ou na escolha de nanomateriais na aplicação de produtos para pele e cabelo.

11h10
Formulações de Nanotecnologias para aplicação na pele: estrutura e destino, Prof. Dr. Elias Fattal, Universidade de Paris, Faculdade de Farmácia, FRANÇA
Skin Delivery está entre as primeiras vias de administração de substâncias, onde nanotecnologias, chamados lipossomas, foram aplicados em produtos cosméticos, no início da década de 1980. Hoje é possível projetar um grande número de nanotecnologias, entre os quais algumas foram introduzidas em produtos cosméticos. Elas podem ser divididas em dois tipos: nanopartículas orgânicas e inorgânicas.
As nanopartículas de materiais orgânicos incluem lipossomas e estruturas associadas (niosomes ®, ethosomes ®, vesículas elásticas, transfersomas ® …), nanopartículas lipídicas sólidas, nanopartículas de polímeros e nanoemulsões. Formular tais sistemas sem qualquer ingrediente ativo faz com que sua fabricação seja simples. No entanto, a principal aplicação das nanotecnologias é entregar compostos ativos. O desafio em termos de formulação reside na seleção da nanotecnologia correta e da metodologia otimizada para a sua produção, permitindo conceber partículas com tamanho adequado, propriedades de superfície e elevada carga de droga. A estabilidade das nanotecnologias também deve ser garantida. As nanopartículas produzidas de materiais inorgânicos incluem fulerenos ou de óxido de metal. Estas nanopartículas têm a sua própria funcionalidade, quer como antioxidante para os fulerenos ou protetores solares para o dióxido de titânio.
O desafio em termos de entrega é permitir que essas partículas atinjam o alvo. No entanto, é reconhecido que na maior parte todas estas nanopartículas após aplicação na pele permanecem na sua superfície até que sejam limpas ou após a ruptura da sua estrutura inicial. Os seus constituintes podem, contudo, difundir-se através da pele e modificar as propriedades de barreira. Podem ainda distribuir-se nos folículos pilo-sebáceos atingindo as camadas mais profundas da pele. Além disso, as nanopartículas inorgânicas pequenas, devido ao seu pequeno diâmetro (abaixo de 10 nm) também podem atravessar a pele e acumular-se no organismo sem ser eliminadas.
Esta apresentação se concentrará na discussão das características físico-químicas de cada nanotecnologia em relação ao seu destino após a administração na pele.

12h00
O que é preciso saber sobre um nanomaterial para sua aquisição junto a um fornecedor: quais as suas características para aplicação em produtos de cabelo ou pele, Profa Dra. Silvia Guterres, UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Serão apresentadas as principais características para reconhecimento de um nanomaterial para aplicação cosmética, incluindo as matérias-primas constituintes, funcionalidades, propriedades físico-químicas essenciais e organização supramolecular. Serão discutidos exemplos e oportunidades de vantagens decorrentes da incorporação de nanomateriais em diversos tipos de cosméticos.

12h50
Estado da arte em nanotoxicologia de materiais na escala nanométrica aplicados no cabelo e a pele, Prof. Dr. Nelson Durán, Unicamp – Universidade Estadual de Campinas
A aplicação de nanomateriais em produtos cosméticos tem sido um tema de discussão atual na mídia, círculos científicos e na maioria das políticas de mercado nos últimos anos. Os temas toxicológicos têm sido levantados devido aos trabalhos de pesquisa conflitivos relacionados com segurança de nanomateriais e a falta de acordos entre pesquisadores sobre se estes produtos são seguros no uso dérmico. Esta apresentação lidará com estes aspectos em termos de toxicologia e seu estado atual relacionado mais especificamente em uso de cosméticos no cabelo e na pele.

13h40
Almoço
PILAR 2: NANOMETROLOGIA

15h00
Ferramentas metrológicas para caracterização físico-química confiável dos nanomateriais: aspectos específicos de caracterização dimensional de nanopartículas, Oleksii Kuznetsov, Pesquisador de Metrologia e Qualidade do INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia
Serão discutidos os principais aspectos metrológicos das medições de propriedades de nanomateriais. Será apresentado o estado da arte em problemas específicos de desenvolvimento de padrões primários e secundários, fabricação de materiais de referência, validação de métodos e calibração de instrumentos para medidas dimensionais de nanopartículas.

15h45
Técnicas de Caracterização de Nanomateriais aplicadas a Cosméticos, Natália Neto Pereira Cerize, Pesquisadora do IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas, do Centro de Tecnologia de Processos e Produtos, do Laboratório de Processos Químicos e Tecnologia de Partículas
Serão apresentadas algumas técnicas de caracterização aplicadas a nanomateriais (nanoemulsões, nanocápsulas, lipossomas, nanoesferas, etc) abrangendo: análise morfológica, tamanho de partícula, potencial zeta, área superficial, entre outras. E também, uma abordagem sobre a caracterização de nanomateriais incorporados a produtos cosméticos.

16h30
Mesa Redonda
Mediador: Carlos Praes, coordenador dos grupos de Nanotecnologia da ABIHPEC/ITEHPEC

17h00
Encerramento

18 de maio de 2012

8h30
Credenciamento e Welcome Coffee
PILAR 3: SEGURANÇA
Segurança dos Nanomateriais e Comprovação da Segurança desde a Pesquisa até o Consumidor

9h00
Avaliação de Segurança de produtos cosméticos contendo nanomateriais. Um enfoque na segurança de nano-ingredientes, Pedro Amores da Silva, INFARMED – Autoridade Nacional de Medicamentos e Produtos de Saúde – PORTUGAL
O debate mundial acerca da segurança de nanomateriais visa estabelecer métodos de avaliação destes novos ingredientes fornecendo garantias ao consumidor da sua inocuidade. Será debatida a metodologia de segurança que irá ser utilizada na europa para estes ingredientes.

9h50
Abordagens para a segurança dos nanomateriais e conformidade com os regulamentos no setor de cosméticos, Profa Dr. Qasim Chaudhry, FERA – Food and Environment Research Agency, REINO UNIDO
A apresentação irá destacar as principais preocupações de segurança em relação ao uso de nanomateriais em produtos cosméticos. Irá descrever ainda as abordagens atuais para garantir a segurança dos nanomateriais em diferentes jurisdições reguladoras, e destacar os principais desafios na avaliação da segurança dos nanomateriais em formulações cosméticas.

10h40
Coffee Break

11h00
Esclarecimentos sobre a segurança dos nanomateriais. Ensaios e estudos atuais realizados para os nanomateriais que têm sua segurança comprovada, Prof. Dr. José Mauro Granjeiro, Especialista Sênior em Metrologia e Qualidade do INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia Normalização e Qualidade Industrial
A nanometrologia é a ciência da medição em escala nanométrica. Ela tem um papel crucial na produção de nanomateriais e dispositivos nanoestruturados com um alto grau de precisão e confiabilidade na escala nanométrica. Novas técnicas de preparação e de mensuração de propriedades de nanomateriais de referência devem ser desenvolvidas e harmonizadas, combinando o conhecimento acadêmico, industrial/tecnológico e metrológico existente em diversos campos. Como a nanotecnologia vem sendo cada vez mais difundida, o manejo das questões de saúde e de segurança durante todo o ciclo de vida (a partir de P&D, passando pela produção e até a eliminação) é essencial. Da mesma forma devem estar disponíveis os materiais de referência, as normas, dados de referência, instrumentos e métodos transferíveis de medição e modelos teóricos. A apresentação visa destacar os desafios da área e discorrer sobre a segurança dos nanomateriais, mostrando ensaios e estudos dos materiais seguramente comprovados e, ainda, levantar a discussão com o público na questão dos materiais de referência.

11h50
Segurança de cosméticos contendo nanoingredientes: o que muda? Como e por que monitorar o produto no mercado?, Dra. Flávia Addor, Diretora Técnica da Medcin Instituto da Pele
Os nanoingrientes na cosmética atual já são uma realidade. A comprovação de segurança de uma inovação deste porte não somente passa pela avaliação toxicológica, mas por um monitoramento do comportamento do produto no pós-venda: a cosmetovigilância trará uma riqueza de informações sobre o perfil de segurança, imprescindíveis para a avaliação racional de desenvolvimentos futuros.

12h40
Almoço
PILAR 4: EFICÁCIA
Comprovação da Eficácia dos Produtos com Nanomateriais

14h00
Disposição de nanomateriais aplicados sobre a pele: avaliação e imagem, Prof. Dr. Richard Guy, Universidade de Bath, REINO UNIDO
A pele intacta apresenta uma formidável barreira à penetração e permeação de xenobióticos, bem como fornece protecção à invasão bacteriana. A camada de pele menos permeável, o estrato córneo exterior, primeiramente restringe a perda imperceptível de água do tecido, como tal, também limita de forma muito eficiente o transporte para o interior de produtos químicos em contacto com a pele. Para penetração molecular, as relações de estrutura-transporte mostram que lipofilicidade e tamanho são determinantes cruciais da absorção transdérmica; produtos químicos com pesos moleculares muito maiores do que ~ 1000 Daltons mal penetram a pele.
O desenvolvimento da nanotecnologia, bem como a presença onipresente de nanopartículas (e outras nanoestruturas), tem levantado questões sobre avaliação de exposição, risco e segurança. Tais estruturas já estão presentes, por exemplo, em formulações cosméticas, e estão regularmente em contacto com a pele humana. À medida que a incidência de tal exposição só é suscetível de aumentar no futuro, é razoável questionar o destino de nanopartículas em contacto da pele, e desenvolver técnicas (por exemplo, a dispersão de Raman coerente, microscopia confocal) para avaliar o tempo de residência destas espécies sobre a pele e dentro dela, avaliando o seu grau de interação com a barreira.

14h50
Eficácia e Segurança de Nanotecnologias destinadas à aplicação na pele, Prof. Dr. Elias Fattal, Universidade de Paris, Faculdade de Farmácia, FRANÇA
A eficácia de nanotecnologias para entregar drogas através da pele têm sido amplamente documentado para sistemas vesiculares incluindo lipossomas que foram relatadas para melhorar a entrega de uma variedade de drogas activas, incluindo triamcinolona, metotrexato, hidrocortisona, tretinoína, tacrolimus, rodamina, ciclosporina e anti-androgénios. Relatórios sobre ativos cosméticos são, no entanto, muito menos disponível. Apesar destas observações, os outros grupos têm mostrado que não há alteração na entrega de drogas em comparação com as preparações clássicas. No entanto, a entrega transdérmica utilizando lipossomas como transportadores tenha sido ilustrada em alguns poucos casos onde a droga encapsulada foi capaz de atravessar todas as camadas da pele. Um número de estudos demonstraram que a composição de vesículas (por exemplo, a inclusão de lípidos da pele, lípidos carregados positivamente, a presença de agentes tensioactivos na bicamada pode ter um efeito sobre a permeação substância.
O estado dos bicamadas lipídicas das vesículas, isto é, a fase de cristal líquido ou fase de gel, também afeta a entrega por via dérmica e transdérmica: vesículas estado de cristal líquido podem ser mais eficazes. Estes resultados foram confirmados in vivo. Outras propriedades físico-químicas, tais como carga de partículas, o tamanho de partícula e lamelaridade, podem também influenciar o grau de transporte de substâncias. Outras vesículas além dos lipossomas foram concebidas com o objectivo de melhorar a entrega transdérmica e tópica de substâncias. Exemplos disso incluem vesículas feitas de tensoativos não-iónicos (niosomes ®), vesículas que contêm uma elevada percentagem de etanol (ethosomes), vesículas ultraflexíveis (transfersomas ®).

15h40
Mesa redonda
Mediador: Profa Dra. Silvia Guterres, UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Além do debate da mesa redonda, será apresentado um esquema com a consolidação dos pontos-chave de cada pilar abordados durante os dois dias do Encontro. Será produzido ainda um documento com a síntese de todos os aspectos discutidos acerca da nanotecnologia. O documento contendo os apontamentos do setor deverá ser encaminhado para as autoridades governamentais com o objetivo de subsidiar na construção de políticas adequadas para o desenvolvimento da nanotecnologia.

16h30
Encerramento


sexta-feira, 4 de maio de 2012

Nanoestruturas automontantes

Caso fossem jogadas em um recipiente algumas tiras de tecido com velcro disposto sobre toda a sua superfície, elas aleatoriamente poderiam assumir diversas formas: tiras sobrepostas, dobraduras de uma tira só, esferoides de algumas ou várias tiras, uma só pelota de fitas, etc... Quem desejasse obter desta maneira aglomerados de tiras pequenos, cada um com um tamanho mais ou menos parecido, estaria diante de um problema. A aleatoriedade das interações das tiras de tecido com elas mesmas e com outras poderia ser resolvido caso estas tivessem a disposição do velcro e a sua forma pré-planejadas de maneira que no final o resultado fosse aglomerados de tamanho mais ou menos igual.

A parábola acima tem algo de nanotecnologia. A produção de nanoestruturas por aglomeração de moléculas menores é bastante utilizada em nanotecnologia. Mas fazer com que moléculas agrupem-se formando uma população de nanoestruturas com tamanho uniforme é uma tarefa difícil.  Especialmente quando as forças de atração intermoleculares atuam sobre/a partir de diferentes sítios de cada molécula. Porém, juntando matemáticos que modelem o tipo e a orientação das atrações moleculares, bem como químicos que passem essas ideias do computador para a bancada de experimentos, alguns resultados interessantes podem aparecer. Nanoestruturas automontantes com propriedades fabulosas já foram obtidas e continuam a ser buscadas. O vídeo abaixo apresenta um grupo da Johns Hopkins University, EUA, que vem desenvolvendo pesquisas nesta área.


quinta-feira, 3 de maio de 2012

Modelo artificial 3D de câncer para experimentos com nanopartículas

As ciências farmacêuticas nos forneceram armas que desequilibraram a nosso favor a guerra contra diversas doenças que faziam a expectativa de vida da população ficar abaixo de meio século. Antibióticos contra infecções bacterianas, vacinas contra diversos tipos de patógenos, anti-hipertensivos contra a pressão arterial alta, e muitas outras. Hoje se vive para além dos 70 com facilidade. Com o aumento do tempo de vida, a chance de desenvolvermos um câncer aumenta. Assim, países desenvolvidos, que conseguem fornecer adequadamente à sua população os tratamentos disponíveis contra as diversas doenças, veem aumentar a incidência de câncer entre os seus. Mas ainda não foram encontradas armas que reúnam eficácia e segurança para combater este mal.
Representação de uma célula tumoral maligna.
O câncer é nascido das nossas próprias células e compartilha diversas características com nossos tecidos sadios. É irrigado por vasos sanguíneos, consome os mesmos nutrientes consumidos por nossas células e usa a mesma maquinaria metabólica celular - apesar de esta funcionar com alguns defeitos -. É difícil fazer com que um fármaco mate apenas o câncer e não a nós mesmos. É difícil mesmo diagnosticar o câncer em estágios iniciais, quando as chances de cura são maiores.
Nanopartículas são potencialmente úteis para terapias seguras e eficazes contra o câncer. Elas também abriram novas possibilidades para o diagnóstico desta doença. Diagnóstico e terapia têm sido amalgamadas em uma só palavra, teranóstico, graças em grande parte à nanotecnologia. 
Para testar essas nanopartículas como ferramentas teranósticas, cientistas desenvolveram um modelo de câncer mantido in vitro, ou seja, sem a necessidade de animais hospedeiros. Este modelo foi descrito em publicação recente (Ho et al, Theranostics 2012; 2(1):66-75). Basicamente, células de câncer de um tipo de câncer de cérebro conhecido como glioma foram mantidas em uma rede tridimensional polimérica que serve como base de sustentação para que o câncer se desenvolva. Tumores esféricos de cerca de 200 micrometros foram formados neste suporte. O mais impressionante vem agora: os cientistas expuseram o tumor a células de vasos sanguíneos (endoteliais) bovinos. Com os estímulos adequados, vasos sanguíneos foram originados em torno do tumor, mimetizando parcialmente o que é observado no câncer de cérebro de fato.
Tumor de cérebro in vitro (Imagem: Sun Lab/Brown University)
Convencionalmente, experimentos in vitro eram realizados com células que não interagiam entre si e tampouco formavam um tumor tal como o observado em organismos vivos. No estudo citado anteriormente, o modelo 3D possibilitou que a interação de nanopartículas de óxido de ferro com as células tumorais fosse mais próxima àquela observada in vivo. Particularmente importante é a presença dos vasos sanguíneos, visto que estes geralmente representam uma barreira a ser transposta pelo fármaco antes de atingir a célula cancerígena.
Este tipo de modelo experimental é essencial para que novas armas contra o câncer sejam desenvolvidas. Testar um novo material in vitro torna mais fácil a tarefa de conhecer o mesmo e de adaptá-lo às necessidades da terapia ou do diagnóstico.

Fonte: THNO