quarta-feira, 16 de março de 2011

Dançar como a natureza quer limita os passos, mas não torna a música impossível de ser acompanhada

Minúsculos nanorobôs invadem seu organismo e circulam pelos seus vasos sanguíneos, esquivando-se das monstruosas células vermelhas do seu sangue. Na sua cabeça estes nanorobôs perfuram, com alguma nanoferramenta, as paredes de um vaso sanguíneo e entram no seu órgão central de processamento de dados – o cérebro. Por lá, instalam algum tipo avançadíssimo de nanochip e, com eles, controlam seus pensamentos e acessam suas memórias. Você foi dominado pelo seu invasor sem mesmo o enxergar.


Nanorobôs? Só no Playstation. Ou nos livros de ficção científica.


A ficção científica tem sido palco de verdadeiras obras de arte. Eu mesmo sou um tanto viciado neste tipo de literatura. Não existem limites para a imaginação e ela tem se mostrado muito fértil entre escritores como, por exemplo, o grande Isaac Asimov. Mas será que a nanotecnologia está, na vida real, produzindo tais criaturas assombrosas? Será que estamos sujeitos ao perigo de uma disseminação de nanorrobôs? A resposta é um “não”, dito com convicção. Não mesmo. Na verdade, essas perguntas fazem qualquer cientista da área gargalhar. Mas, seja como for, os atores da opinião pública são, em sua maioria, leigos no assunto e têm todo direito de fazer tais perguntas sem serem considerados desprovidos de inteligência. Num futuro próximo talvez tenhamos uma grande oferta de revolucionários equipamentos baseados em nanoeletrônica (a evolução da microeletrônica), mas nada comparado aos nanorrobôs com os quais ensaiei uma ficção científica no início desta postagem.

O ser humano é parte integrante do ecossistema em inúmeros cantões no mundo. Ele influencia o e é influenciado pelo meio ambiente de maneira intensa e complexa. É melhor tomar cuidado do nosso lar.
 (Foto da midiateca do autor: Ancud, Chile. Natureza pulsante e cidades que não param de crescer.)


Mas, se por um lado não temos o problema dos nanorobôs, por outro lado temos as nanopartículas e os nanotubos. Apesar de não serem, nem de longe, tão amedrontadores quanto os surreais nanorrobôs, estas nanoestruturas devem sempre dar à luz questões relacionadas à sua segurança. Principalmente quando falamos de saúde humana e meio ambiente (na verdade, esses dois temas podem ser incorporados em um só). Na mesma época em que Fukushima é palavra do colóquio cotidiano em qualquer parte do mundo, podemos fazer algumas perguntas. A radiação nociva emitida por radioisótopos é tão invisível a um humano sem equipamentos quanto as nanopartículas. Estamos preparados para conter um “vazamento” de nanopartículas? Estamos preparados mesmo para identificá-las? E se identificadas, podem ser removidas do meio ambiente? A resposta é: assim como cresce sem parar a lista de materiais nanoestruturados disponíveis, cresce a literatura acerca dos modos de torná-los seguros. Na verdade, a preocupação com os potenciais efeitos tóxicos e ambientais de um material nanoestruturado começa antes mesmo deste ser produzido. Dá-se prioridade a materiais atóxicos e biodegradáveis. Os biodegradáveis são aqueles materiais que, quando expostos ao meio ambiente ou administrados a algum organismo, são rapidamente eliminados, gerando produtos que muitas vezes são até mesmo utilizados como substratos energéticos por organismos vivos. Para a administração a humanos, o uso de materiais atóxicos é condição essencial para até mesmo iniciar a sua produção.

Biodegradabilidade e atoxicidade são palavras que não podem escapar aos pensamentos de um nanocientista.
(Carroll e Gunsch, Photonic, 2010. Disponível em: http://www.photonics.com/Article.aspx?AID=44805)


A nanotecnologia gerou materiais totalmente novos mas cujo caminho de eliminação do meio ambiente pode ser o mesmo de vários materiais que existem há milhões de anos. Há apenas de se aproveitar estes caminhos, estes escapes, para que não haja danos ao meio ambiente.

2 comentários:

  1. Parabéns,pelas pesquisas, meu amigo Luis!!! Um grande abraço e sucesso na sua empreitada!!!


    Att.: Ricardo Polidoro Reda

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  2. Obrigado Ricardo!

    É um prazer saber que você está acompanhando o blog, meu amigo!

    Abraço!

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